Terminou neste domingo em Nairobi, Quénia, a 17ª edição dos Africanos de Atletismo. O evento contou com a participação de 46 países africanos, sendo que 24 conseguiram conquistar pelo menos uma medalha. (Consulte aqui o quadro de medalhas.)
Os atletas da casa dominaram a competição, tendo protagonizado uma interessante disputa com os etíopes no fundo e no meio-fundo. Desta vez, o Quénia levou a melhor, só cedendo para a extraordinária atleta etíope Tirunesh Dibaba, que levou para casa a única medalha de ouro conquistada pela Etiópia, nos 10 000 metros femininos.
Se a Etiópia teve uma prestação abaixo do que era esperado, a Nigéria e a África do Sul completaram o pódio dos medalhados.
Dentre os países africanos presentes, destaque para o contingente da Somália. Um país despedaçado, sem governo, mas que conseguiu levar alguns atletas a Nairobi.
Quanto ao nosso país, Cabo Verde, penso que é difícil dizer que efectivamente participámos na competição. De acordo com o sítio oficial nairobi2010.com, só um atleta cabo-verdiano foi inscrito em alguma prova. Tratou-se de Sandro Rocha, nos 400 metros masculinos. O atleta nacional não chegou a partir, o que transforma a nossa participação em algo fantasmagórico. Não sabemos se houve problemas na deslocação, vistos, lesões de última hora. Sabemos, sim, que os corajosos que queiram praticar atletismo em Cabo Verde não têm as mínimas condições para tal. A única pista decente encontra-se na ilha do Sal, sendo que nas restantes ilhas a solução é praticar atletismo sobre terra batida, placas de cimento, ou seja, condições que não se coadunam com as de um País de Desenvolvimento Médio.
Nos Jogos da Lusofonia 2009 fiz questão de assistir ao vivo às provas de atletismo, porque queria perceber como anda o atletismo nacional. Vi atletas de Salto em Altura a nem sequer competir, porque o seu recorde pessoal era inferior à altura a que ia começar o concurso (ou seja, foram levados a passeio pela Federação Cabo-verdiana de Atletismo). Vi atletas luso-cabo-verdianos, que estavam ao meu lado na plateia e, consequentemente, junto da comitiva cabo-verdiana, indignados com os critérios de selecção dos responsáveis da FCA. Segundo alguns destes atletas de ascendência cabo-verdiana que praticam atletismo em Lisboa, atletas de clubes de 3º plano da Região de Lisboa lá estiveram (e pelos resultados medíocres, não duvido que tenham razão) por serem treinados pelo Fulano que é amigo de Beltrano, enquanto eles, atletas de clubes de renome como o JOMA, nem sequer foram procurados, e representariam de bom grado o nosso país nesses Jogos da Lusofonia ou mesmo nos Campeonatos Africanos, com resultados que, mesmo não chegando às medalhas, melhorariam sem dúvida a péssima imagem deixada pela Selecção de Todos Nós naquela modalidade.
Se não damos aos atletas locais as condições para que possam progredir, ter o mínimo de exigência na chamada de atletas que vivam no exterior é o mínimo que se pede.
Melhores dias virão para o atletismo nacional? Oxalá que sim
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