O Viveiro Francês: A Ascensão de Michael Pereira

Ao centro, o franco-cabo-verdiano Michael, ainda ao serviço do UJA Alfortville

Portugal sempre dominou na lista de filhos da emigração a representarem a Seleção Nacional, o que faz sentido tendo em conta que é onde se encontra a maior comunidade cabo-verdiana na Europa. A Holanda também vem sendo representada há algum tempo, antes com o lateral Rui Monteiro, agora com Toni Varela, Guy Ramos e Josimar Lima.

Apesar de também acolher uma grande comunidade crioula, no passado recente, nunca houve muitos jogadores "franceses" a jogar na Seleção. Durante algum tempo esteve na seleção o lateral Jimmy Modeste, que chegou a dar alegrias graças ao povo cabo-verdiano graças ao seu magnífico pé esquerdo, mas já anda há vários anos afastado da turma nacional. Jimmy joga agora no AEP Paphos,  da 1ª Divisão do Chipre, juntanto-se assim na ilha mediterrânica aos internacionais Cafú, Janício e Semedo.

Odair Fortes, um dos mais recentes internacionais cabo-verdianos. emigrou para França aos 17 anos e acabou por ser "descoberto" para o futebol. Passou pela UFA Alfortville, a equipa mais cabo-verdiana de França, que se encontra agora na 3ª divisão, e dali até despertar a cobiça de formações com outras ambições fui um curto passo.

Sem falar em muitos jovens que buscam um lugar ao sol enquanto jogam em diversas formações do National (3ª Divisão) e da CFA (4ª divisão), onde há muitos jogadores de qualidade, apanágio da extraordinária formação francesa, sendo que essa concorrência também significa mais dificuldades em dar nas vistas e chegar ao topo.

Regressando à formação mais cabo-verdiana de França, é imperioso falar de Michael Pereira. O jovem talento, cujos pais são naturais da ilha de Santiago, saltou em dois anos do UJA Alfortville para os relvados da Liga Espanhola, já tendo ganho a titularidade no Mallorca e sendo uma das revelações da competição. Cobiçado por emblemas da Liga Inglesa, o polivalente atleta, que faz qualquer posição do meio-campo e do ataque, promete continuar a sua fantástica ascensão no mundo do futebol. Michael Pereira ainda não tem qualquer internacionalização pela França, portanto ainda é legítimo sonhar em vê-lo representar os Tubarões Azuis... tal como podemos sonhar com Fernando Tissone, Carlitos, Valdo (este talvez não), Jerson Cabral, Luc Castaignos ou, quem sabe, Bebé... felizmente ainda os sonhos não são taxados.

Acreditar sempre nos atletas disponíveis para jogar pelos Tubarões Azuis, neste momento, é um "must", mas enquanto podermos reforçar a Seleção Nacional, é bom continuar bem atento...