segunda-feira, 18 de outubro de 2010

São Vicente na linha da frente, a grande distância, entre outras histórias.

Finalmente já rola a bola em Cabo Verde.... ou melhor, apenas em São Vicente.

A mostrar a sua organização habitual, a Associação Regional de Futebol de São Vicente não caiu no laxismo das outras associações e já neste fim-de-semana iniciou-se a disputa do Torneio de Abertura, com destaque para a vitória do FC Derby sobre o Batuque. No fim-de-semana passado o Batuque já havia conquistado a Supertaça diante do Amarante.

No resto do país, é mais conversa do que ação.

Em Santiago Sul, onde moram os últimos 5 títulos de campeão nacional, o confronto Boavista vs Sporting irá marcar o início das hostilidades, na disputa da Supertaça. O novo presidente da ARFSS parece ter ideias, muitas ideias, e espera-se que as carências da região desportiva mais vitoriosa do país sejam ultrapassadas. Situações como a não realização do Campeonato de sub-17, que resultou na inconcebível ausência de um clube de Santiago Sul no Campeonato Nacional realizado na ilha do Fogo, não são toleráveis e deviam fazer corar de vergonha qualquer praiense amante do futebol.

Só é de lamentar a pretensão de incluir o campeonato de veteranos na lista de competições a organizar pela ARFSS. Bem que podia ser apenas uma piada de mau gosto, mas parece que é verdade! Já foi suficientemente anedótico e revoltante ver o jornal "A Semana" a dar maior cobertura ao Campeonato de Veteranos da Praia, do que deu em toda a época aos Campeonatos Regionais de Futebol de São Nicolau, da ilha Brava, do Maio ou de Santo Antão Norte. O centralismo é um mal que deve ser combatido por todos, independentemente da ilha de origem, penso eu, e não sou suspeito para falar porque até sou praiense...

Organizar o campeonato regional sénior feminino, sub-17 e, se possível, sub-15 masculinos, deviam ser os objetivos, além de tentar levar mais público ao Estádio da Várzea. Fazer campanhas que tirem as pessoas do sofá e façam regressar à Várzea a moldura humana do passado não muito distante. Com tantas deficiências que temos a nível de formação e de futebol feminino, desperdiçar verbas com veteranos é um luxo de país rico... que não somos. Tudo a favor de competição para os mais velhos, desde que com dinheiro angariado pelos mesmos, jamais com financiamento do Governo, da FCF ou da ARFSS. Daqui a 20 anos, se houver petróleo e dinheiro para fazer uma competição do género até a nível nacional, que vão em frente. Mas hoje ainda temos de ter um pouco de bom senso... é preciso haver prioridades.

Más notícias vêm de Santo Antão Sul. Permanece a incerteza sobre o número de clubes que irão disputar o Regional. A Fiorentina, que vinha sendo um dos clubes com maior qualidade daquela região desportiva, acaba de confirmar a extinção do futebol sénior federado, e outros clubes também têm sérios problemas financeiros.

Em Santiago Norte, os mesmos problemas financeiros, se bem que talvez seja a pior região desportiva do país em termos organizativos. Recordo que a Taça de Santiago Norte acabou por ser disputada à pressa na época passada, também não realizaram o campeonato de sub-17 e não são raros os casos de clubes que desistem, ou as faltas de comparência. Um pouco mais de seriedade por parte de todos os envolvidos, dos dirigentes aos jogadores, não faria mal nenhum, se Santiago Norte pretende ter um clube capaz de lutar pelo título nacional...

Nesta altura parece que só há dinheiro para os dois partidos que fazem de Cabo Verde uma entidade bicéfala. Tenho a certeza que se PAICV e MpD poupassem 10% do que irão gastar nos chaveiros inúteis e de má qualidade, nos bonés que ninguém irá usar, nas mini-mochilas pacóvias e nos balões que apenas poluem o ambiente, muitos dos problemas financeiros desapareceriam num passe de mágica!

Mas cada um tem os políticos que merece.

Só espero que haja dinheiro para permitir à Federação Cabo-verdiana de Andebol (FCA) levar as seleções nacionais de Cabo Verde à fase de apuramento para a CAN 2011. A FCA tem mostrado trabalho e o andebol nacional tem margem para crescer.

Despedindo-me de forma irónica, e que tal vendermos uns chaveiros e uns balões verdes e amarelos para ajudarmos a FCA?

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