A minha visita ao Restelo para ver jogar Babanco (e basicamente passar a meia hora em que ele esteve em campo a olhar exclusivamente para as movimentações dele) e partilhar as impressões no post anterior, não durou apenas 90 minutos. E não, não houve prolongamento dentro das quatro linhas, como sabem.
Tive o privilégio de, após o jogo, ter uma conversa informal com Eduardo Almeida, Diretor-Técnico da FCF. Em causa opiniões (controversas) que tenho emitido neste blog, que tem sido tudo menos uma fonte de elogios para a FCF.
Se, por um lado, foi deveras assustador saber que as mais altas personalidades do futebol cabo-verdiano lêem o que aqui escrevo (e reitero o assustador), por outro não deixa de ser motivo para me sentir lisonjeado.
Em primeiro lugar, convém esclarecer que não estou ligado, nem nunca estive, a nenhum clube, não estou ligado a nenhuma fação de eventuais críticos à presente direção da FCF (não os conheço, nem faço tenção disso, assim como não conhecia ninguém ligado à FCF), não tenho qualquer "agenda" e não ganho nenhum tostão em estar a gerir este blog e publicar certos conteúdos. Aliás, o meu "bolso" é que sofre, foi dali que saiu o dinheiro para ver o Belenenses vs Arouca. Sou um "simples" adepto que sofre com os Tubarões Azuis desde que se lembra, que sabe de cor todos os resultados da Seleção de Cabo Verde e quais os jogadores utilizados, e que todos os dias faz questão de se manter atualizado sobre uma centena de jogadores cabo-verdianos selecionados e/ou selecionáveis espalhados pela Europa, assim como dos plantéis das principais equipas do futebol nacional. Por simples carolice, dirão alguns. Por um dever patriótico associado à paixão pelo futebol, digo eu. As minhas opiniões são minhas (desculpem o pleonasmo), são assumidas, o autor tem nome e tem bastante orgulho em jamais comentar de forma anónima, seja onde for, por uma questão de princípios. Essas opiniões têm o valor que os outros achem que tenham . Como acontece a muitos, penso sempre que talvez haja quem se preocupe com a Seleção tanto quanto eu, mas não mais.
Adiante.
Além das críticas, a que todos têm direito (felizmente), às minhas opiniões, a conversa visava dar a conhecer muito do que se passa nos bastidores do futebol nacional e, particularmente, da nossa Seleção, para desmistificar vários (pre)conceitos que eu teria do trabalho efetuado pela FCF em todos estes anos, o que só me irá ajudar a fazer um melhor trabalho e, sobretudo, a construir uma crítica mais bem fundamentada.
O fato é que muitos dos (pre)conceitos que, admito, possuía, foram realmente desmistificados.
Vi, na pessoa do Sr. Eduardo Almeida, uma pessoa apaixonada pelo seu trabalho e dedicado à causa do futebol nacional e da Seleção Nacional, o que, por si só, servia para alterar a minha opinião pré-formada sobre a FCF: mostrem-me paixão que aceito quaisquer resultados, mesmo negativos.
Reforcei uma ideia que já tinha, a "pequena" questão dos meios financeiros que a Federação tem ao seu dispor. Muitos adeptos do futebol cabo-verdiano reclamam com veemência um novo modelo competitivo para o Campeonato Nacional (eu cheguei a propor um modelo num longo comentário no site Nha Terra...) que, estaremos todos de acordo, tem pouca competitividade. Ora, a FCF já terá um novo modelo para o CN há quatro anos. Modelo esse que, forçosamente, terá associado maiores custos, mas que é fundamental para o desenvolvimento do nosso futebol. Contudo, quando temos um país em que muita gente vê, inacreditavelmente, unicamente como despesas supérfluas o investimento no desporto (e incluo os diversos governos), não é fácil fazer milagres. Afinal, só interessa aos governantes "fazer bonito" por altura das condecorações, que são moda no nosso amado país. Sem os meios financeiros ao dispor, o ansiado novo modelo continuará na gaveta.
O futebol, enquanto desporto-rei e amado pelos cabo-verdianos, poderia dar um impulso tremendo à marca "Cabo Verde", caso pudéssemos levar os Tubarões Azuis a outros patamares. Se muita gente só conhece Cabo Verde por causa da diva Cesária Évora, muitos mais ouviriam falar do nosso país através do futebol, o desporto mais popular do planeta e onde temos um enorme potencial por explorar. Uma questão de visão que os nossos governantes e eventuais patrocinadores insistem em não partilhar.
Outro pormenor importante foi a questão dos jogadores selecionáveis/selecionados. Faço mea culpa e admito que usar o adjetivo patético para qualificar a última convocatória foi, sem dúvida, um exagero. Mas quando o usei estava a pensar que seria lido apenas pelo meu irmão, alguns amigos da vida real, outros conhecidos do facebook, e alguns desconhecidos que seriam simples adeptos como eu. Longe estava a ideia de ter leitores tão importantes. Espero que ninguém tenha ficado pessoalmente ofendido. Mas não deixo de fazer finca-pé: convocar 5 defesas e 6 avançados, como indica a convocatória que "vazou" no jornal "A Nação", deixa-me bastante renitente enquanto selecionador de bancada.
Também vi esclarecidas eventuais dúvidas sobre muitos dos jogadores chamados e não-chamados, e prometo não insistir naqueles que não estão na Seleção por opção própria (assim como prometo insistir nos que não estão por opção técnica, porque todos temos os nossos jogadores preferidos). Todavia, e apesar de perceber que a FCF não pode partilhar certas informações, não posso deixar de questionar: se um amante da Seleção não sabe, e não consegue saber em nenhuma imprensa, que o jogador "XPTO" não está na seleção porque não quer, ou porque teve um comportamento incorreto da última vez que lá esteve, como é que esse adepto vai poder deixar de sugerir a convocatória do jogador em questão, que o referido adepto apaixonadamente vê como uma mais-valia? E o referido adepto pode, por ignorar a postura do jogador, formar a ideia de que a FCF não está a fazer tudo para que tenhamos uma Seleção mais forte. O cenário de todos, tal como eu, poderem ver as dúvidas esclarecidas por alguém tão importante na orgânica da FCF, não é realista. Mesmo eu, tendo agora certas informações, se calhar não as devo aqui colocar porque não seriam do interesse da FCF. Penso que algo deve ser feito em relação à estratégia de comunicação, sem prejudicar os interesses da FCF, mas dando aos cabo-verdianos as informações que tanto desejam, até porque, felizmente, é notável o aumento do interesse do povo cabo-verdiano pela Seleção, que havemos de ver jogar no Gabão e/ou Guiné-Equatorial.
Explicaram-me os pormenores da malfadada viagem à Tanzânia, entre outras questões pertinentes que poderei desenvolver no futuro.
Sem querer tornar ainda mais longo este post, penso estar em condições de afiançar aos leitores que não será por falta de profissionalismo, amor, empenho e paixão dos "homens do leme" que os Tubarões Azuis não irão chegar aonde todos queremos que cheguem.
Fica a nota de que a Seleção de Todos Nós estará a estagiar em Alcochete, habitual casa do Sporting Clube de Portugal, de 4 a 7 de Outubro. Penso que qualquer apoio será bem-vindo e é de aproveitar o fato de 5 de Outubro ser feriado para os "berdianos" que andam por terras lusas.
2 comentários:
Rei di fixi ;)
dipos n ta fazeu uns 23 perguntas kin teni :P
Excelente, eu tb como apaixonado pela nossa selação, gostaria de saber mais pq jogador x ou y não foi convocado, ou então pq jogadores que nos ultimos jogos tem mostrado claramente não ter lugar no 11 titular da seleção. Infelizmente os nossos jornalistas continuam muito a desejar na cobertura a nossa seleção.
Força com o excelente trabalhos que tens feito nesse blog. Conte comigo..
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